segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O Estado Novo de Vargas e o Fascismo: convergências-divergências.

Após 71 anos, o Estado Novo (1937-1945) ainda intriga não somente os historiadores, mas todos aqueles que se questionam sobre o Brasil contemporâneo. Afinal, o legado de Getúlio Vargas foi deixado em múltiplos e variados campos: legislação trabalhista, reforma da educação e saúde, preservação do patrimônio histórico e artístico nacional, serviços de estatística, indústria de base. Paralelamente, se fez um culto à personalidade do presidente, para conquistar tanto um público leitor, de maior instrução e cultura, para o qual eram publicados livros como Getúlio Vargas Estadista, de Azevedo Amaral (1938), mas principalmente os trabalhadores urbanos, reunidos no estádio de São Januário, no Distrito Federal, ou alcançados pelas ondas do rádio.

O Brasil passava por mudanças evidentes, talvez mais evidentes nos grandes centros urbanos, mas que alteravam o curso de sua história, ajustando-a à História Mundial. Um ideólogo do Estado Novo, Francisco Campos, autor maior da Constituição de 37, dizia, antes mesmo da implantação em definitivo do regime ditatorial, que o Brasil havia entrado na era da política de massas. Em Política do Nosso Tempo, palestra proferida em 1935, tratou dos "aspectos trágicos" da transição da "democracia liberal" para a "democracia de massas". A multidão teria como aspecto psicológico a fascinação pelos líderes, sendo afeita a ditaduras. O mundo estaria diante de uma triste constatação. O liberalismo não seria capaz de conter o avanço do comunismo. Conclusão: o Brasil precisava de um estado forte, ditatorial, mas "verdadeiramente nacional" para instaurar a ordem necessária para fazê-lo progredir e impedi-lo de cair na pior das ditaduras, voltada contra a família, a pátria e a propriedade. O golpe de novembro de 1937 foi silencioso, a tentativa de golpe comunista, dois anos antes, preparou a cena. Igreja Católica, Exército Nacional e a maior parte da imprensa ficaram a seu favor.

Terá sido Getúlio fascista ? O Estado Novo representou um espetáculo da direita no poder ? O que podemos dizer sobre isso, no distanciamento que o tempo hoje permite ?